Esqueci que dia é hoje, o que devo fazer nem levantei da cama, ainda espero lembrar o dia, o mês, o ano, que estação nos estamos. O dia está brilhando lá fora e eu aqui deitada sem saber se levanto e enfrento o que nem sei ao certo o que é ou se fico somente aqui deitada tentando lembrar de uma vida que nem ao certo sei se é minha.

Olho o teto o giro e giro do ventilador, o tic-tac do relógio, uma buzina ao longe e um simples corpo sem memória estirando em uma cama ampla e vazia. Significamente os minutos passam, assim como as horas e continuo a contemplar a brancura do teto buscando a infinidades de pensamentos que não acho em parte alguma do meu ser.

Tenho medo de sair daquela cama ampla e me deparar com o que me aguarda no próximo cômodo da casa ou será apartamento. Será que encontrarei alguém, mas esse alguém pode saber quem eu sou pode haver sentimentos que serão simplesmente ignorados pela minha falta de memória. O que aconteceria se encontrar-se alguém e esse alguém contempla-se meus olhos sem lembranças alguma fitando em busca de um foco ao menos ou uma simples lembrança sua.

O amor acabou, acabou de vez, estamos perdidos, pensamos que não chegaríamos a essa parte, mas o amor se foi.

Não adianta lutar, fingir que não acabou é inimaginável. Foi trágico, mas é um fato, acabou, deixamos de amar, sentir é uma pena, mas nos perdermos.

Como foi que aconteceu? Não sei e agora não adianta tentar, enxugue as lágrimas é trágico, mas é o fim.

Me sinto estranha, não é dor, não é pena, nem alegria. Chegou ao fim. O amor se foi, sorrimos e paramos de nos enganar.

Promessas, sonhos nada disso importa mais o amor acabou e estou de partida.

Querida morte com quem eu falo? Deixe me explicar você é melhor do que eu? As pessoas gostam de você? Você é honesta com elas antes de por elas para dormir eternamente?

Como pode dormir enquanto as pessoas choram? Como pode sonhar enquanto outros não têm sossego? Querida morte você vive sempre só, como se sente quando tira alguém do meio de uma família? Um pai, um filho? Então me responda como se sente ao ver os olhos enchendo-se de lágrimas enquanto nos despedidos.

Você não responde minhas perguntas como posso partir de mãos dadas com você?

Querida morte você não me espelha confiança, então vou ter que dizer: “Não estenderei a minha mão, não vou de encontro ao seu corpo vazio e frio.”

Enquanto lágrimas flutuam em meus olhos, feliz porque não foi dessa vez que você me levou.

De repente uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

De repente o silêncio venceu as palavras.

De repente esquecemos de sonhar.

De repente queria me deitar e contemplar o céu.

De repente sonhos tornaram-se realidade.

De repente tudo ser tornou compreensivo.

De repente o entardecer aqueceu meu coração.

De repente nossos dedos se entrelaçaram.

De repente o momento se tornou único e memorável.

De repente despertei sem saber o por que.

De repente notei que foi apenas um sonho bom.

Mais uma vez fechei os olhos tentando controlar as lágrimas que queriam ser derramadas, queriam transparecer minha agonia, minha dor que não queria desaparecer que sufocava em um abraço não desejado.

- Quero respirar! Pensava, quero sentir não medo, mas tranqüilidade. Lágrimas sim, mas de felicidade, não quero sentir as lágrimas dessa dor, não quero pensar que estou sofrendo, que estou perdendo o rumo. Estou perdida sem ao menos saber o porquê. Estranho, amanheceu assim sem saber ao certo o que devo fazer, quem devo ser, e o principal por que devo ser.

Não quero sentir como uma estranha a fitar meu próprio reflexo, não quero ser aquela que chega a determinada parte da vida como se nunca realmente tenha vivido sonhado, amado, sentindo. Não quero ser simplesmente uma pessoa a mais, nem quero ser a exclusividade. Quero sim viver com expectativas bizarras, sonhos loucos, amores em turbilhões e em calmarias. Quero sentimentos complexos e simples ao mesmo tempo.

Ao pensar em mim, quero ver que fui e espero ainda ser, um ser de esperanças tolas, falando frases idiotas, mas que ao mesmo tempo sei que tem algum significado. Ter certeza que apesar de às vezes achar que estou no fim, perceber que não, não estou no fim e muito menos no inicio, mas estou em contemplação e construção e espero ser significamente alguém